Passando a Limpo - A Trajetória de Algumas Farsas | KARE KANO

Já fazem 25 anos da estreia de Kare Kano na TV japonesa. Devido a diversas circunstâncias, a produção de Kare Kano acabou cercada por um certo mistério - a falta de clareza sobre diversos acontecimentos deram espaço para o surgimento de boatos e lendas.

Sendo justo com os fãs, a maior parte dos boatos que acabaram se espalhando no ocidente tinham origem no limitado acesso a informação vinda do Japão, além da óbvia barreira linguística em um período onde até mesmo os tradutores automáticos eram péssimos ou inexistentes. Até mesmo para errar era difícil - e algumas vezes até algumas coincidências colaboraram com o surgimento desses boatos e lendas. É importante notar que algumas dessas lendas também tiveram um relativo lastro dentre os fãs japoneses.

Aqui vamos tentar desvendar algumas das principais delas.

Kare Kano foi legendado relativamente cedo - a menção mais antiga de uma legenda feita em inglês para o anime é de 1999. Hoje ainda é relativamente difícil romper a barreira linguística, mas isso certamente era um desafio ainda maior 24 anos atrás. Em português o fansub que completou as legendas foi o Kamikakushi. A data exata parece ser um pouco difícil de afirmar, mas a menção mais antiga que pude encontrar em fóruns é de 2003. Outros como o Wasureta chegaram a começar a traduzir também. A versão do Kamikakushi foi a primeira que eu assisti, então sou agradecido pela tradução deles na época.

Até bem recentemente boa parte desses boatos se mantiveram quase intocados. Sendo honesto, em algum momento eu mesmo acreditei em alguns deles - mas bem mais frequentemente do que eu gostaria, alguém aparecia (geralmente no twitter) alegando ter a versão oficial dos fatos. Como veremos adiante, frequentemente o desencontro de informações fez com que as vezes as lendas desmascaradas... fossem verdade.

As nossas fontes de informações eram de fato bem circunstanciais. Kare Kano nunca foi a obra mais badalada da Gainax. Na verdade, a intenção nunca foi que ela fosse de fato uma obra do tamanho das outras. Nas palavras do próprio Anno, após "The End of Evangelion" o estúdio tinha em mente que a próxima obra fosse dirigida por Kazuya Tsurumaki. Esse projeto acabou não avançando a princípio, mas mais tarde ele se tornaria FLCL, e como  bem sabemos isso só aconteceu no ano 2000.

Ainda em 1998, para não perder peças importantes do staff, eles tinham que engatilhar um projeto o quanto antes. Aqui entra Kareshi Kanojo no Jijou - até então um mangá com quatro volumes, publicado mensalmente na revista LaLa.

Dessa forma, dentre o início da produção (08/1998) até a data de Inicio (02/10/1998), a obra teve cerca dois meses para ser adaptada.

Isso significa, em resumo, que Kare Kano não teve de fato o escopo de outros projetos originais da Gainax. Por isso a obra nunca teve o mesmo tanto de material publicado, e até mesmo entrevistas sobre a obra eram um tanto raras. 

Tudo isso teve fim em 2018, ano de comemoração dos vinte anos do anime. O lançamento do box de Blu-Ray trouxe com ele um livreto repleto de entrevistas com basicamente todos os grandes nomes envolvidos na produção. Ao menos todos que nos interessavam de forma mais fundamental. 

Eu cheguei a ler um pouco dele quando alguns scans surgiram, mas não pude ir muito além de até onde meu japonês permitia na época. Recentemente, houve um crowdfunding para a tradução do livreto - e que de fato atingiu a meta!

A tradução desse livreto com diversas entrevistas está disponível aqui (onde você pode pagar um cafézinho para o tradutor, se puder). Essas entrevistas são a base do esclarecimento da grande maiorias das lendas relacionadas a obra, como veremos mais adiante.

Sempre que possível, irei deixar linkado a referência, para os posts da tradução. Isso também serve para outras referências.

Sem mais enrolação.

Vamos começar com a mais famosa delas.

- Hideaki Anno deixou a produção devido a divergências com a autora

A mais famosa "lenda" de Kare Kano é que Hideaki Anno teria deixado a direção de Kare Kano após divergências criativas com a autora do mangá Masami Tsuda.

Neste boato em específico, acho que podemos começar de trás pra frente. Vamos começar pela divergência com a autora em si.

Até o momento do inicio do anime, cinco volumes de Kare Kano haviam sido publicados. Na sua entrevista Anno menciona quatro, mas oficialmente o quinto volume (10/06/98) havia sido lançado antes da data conhecida do inicio da produção (08/1998). O sexto volume seria lançado oito dias após a estreia do anime, em 10/10/98. 

O sétimo volume, o último lançado durante a existência do anime, foi lançado em 10/03/1999 - 16 dias antes do fim do anime. Isso dá ao todo 32 capítulos lançados até então - menos de um terço da obra. 

Até esse momento em específico do mangá, a obra tinha um tom em geral bem humorado. Eu diria que Kare Kano tinha uma sensação de frescor, por falta de palavra melhor. No anime, havia o humor, havia o frescor, mas também havia o lado psicológico dos personagens. De fato, essa parte como um todo é menos presente no mangá de Kare Kano em comparação ao anime, e poderia sim ser motivo de descontentamento por parte da autora.

Mas somente se você não leu o restante da obra. 


A última página do capítulo 32 do mangá

Pode não parecer, mas a segunda metade de Kare Kano é bastante psicológica mesmo no mangá. É sobre traumas, romance, abandono, expectativa e tantas outras coisas. A cena acima é uma das primeiras vezes que vemos um lado obscuro do protagonista, em um monólogo interno duvidando do merecimento da própria felicidade e se sua bondade era genuína.

(Nota: Eu não sei exatamente qual capítulo foi publicado nessa semana pela revista LaLa, minhas buscas sempre me levaram as datas do tankobon e não da revista. Kare Kano inclusive tinha um site! Com nada de muito útil quanto a isso, mas ele tinha até um lugar para os fãs postarem as impressões do mangá!

Estimando da data de lançamento do mangá (22/12/95) até o final do anime (26/03/99), com a periodicidade mensal da LaLa, teríamos 39 capítulos completos supondo que não houve nenhuma interrupção. O capítulo 39 é o segundo da peça do festival escolar).

Cena do Episódio 26

Após certo ponto, é bastante visível que os monólogos internos se tornam mais comuns - os personagens passam a lembrar um pouco mais a versão do anime. Kare Kano tem de fato o seu lado bem humorado, o seu lado amorzinho adolescente, mas tudo isso está contido na mesma obra que fala de suicídio e estupro em certo momento.

Então, a conclusão que consigo chegar é que Tsuda provavelmente já tinha muito disso em mente - ou talvez tenha até mesmo tirado uma certa inspiração. Isso é inconclusivo - mas é bastante difícil acreditar que esse tenha sido o motivo da demoção, sabendo dos acontecimentos posteriores do mangá.

Além disso, como veremos adiante - hoje sabemos, de fato, que esse não é o motivo.

Se estamos indo de trás para frente, vamos a primeira parte da pergunta: Anno saiu de Kare Kano?

Um tempo atrás alguém havia alegado, com bastante convicção, de que isso era uma lenda. A prova seria que Anno segue sendo creditado ao fim dos episódios - mas com seu nome escrito de formas diferentes, como em katakana e eventualmente hiragana.

Essa é uma lenda que de fato é... verdade. Anno de fato saiu da produção e direção de Kare Kano em certo ponto.

O que talvez dificulte um pouco isso é que a sua saída não foi absoluta e irrestrita. Para substanciar isso, aqui vão algumas das falas da entrevista de Hideaki Anno para o livreto do box de Blu-Ray do anime:

"A razão para minha saída é que meus métodos não foram aceitos quando fiz a compilação do episódio 14.

Eu não pude continuar na posição de diretor porque não podia continuar sendo responsável pelo conteúdo. Sinceramente, essa é parte do motivo. O principal motivo era ter que refazer o cronograma mais uma vez.

[...]

Mas para o episódio 26, para cumprir o prazo, eu voltei para o cargo de diretor para controlar o processo todo."

Nas palavras do próprio Anno, ele de fato deixou a produção em certo momento. Mas porque ele segue sendo creditado? Isso é diretamente perguntado a Sadafumi Hiramatsu, o designer de personagens do anime (também muito famoso por fazer o design dos personagens em Yuri on Ice):

"Q: A partir do episódio 14, Sato se torna o diretor (junto com o diretor Hideaki Anno, escrito em Katakana). O que você pensou dessa situação complicada?

H: Bem, eu não sei (risos).

Eu estava bem ocupado para me importar com isso. Se o Anno não tem nada ver com isso, então vamos fazer o que nós bem queremos (risos). Mas para a gekimation do episódio 19, ele estava feliz de participar. Ele vinha até a gente quando estávamos nos divertindo (risos)."

Exemplo de cena de "gekimation".

Hiramatsu dá uma resposta um pouco descompromissada. Em geral, ele menciona que Anno aparecia para certos momentos, como no gekimation do episódio 19. Isso significa, nas entrelinhas, que Anno seguia participando da produção, mas de fato a cadeira diretorial estava a cargo de Hiroki Sato a partir daquele momento.

Isso bate, de fato, com o que é comentado em outras entrevistas. Na entrevista com Matsukura, na época o responsável pelo lado da J.C. Staff (Kare Kano é uma colaboração da Gainax com a JC Staff), o entrevistador é mais direto na pergunta:

"Q: Depois do episódio 14, Hiroki Sato, que era um dos produtores, se tornou o diretor. Você teve que trabalhar duro como produtor por conta própria?

M: Bem, Sato estava encarregado do lado da Gainax, e não atuava muito como produtor desde o princípio. Então dá pra dizer que não mudou muito."

Ele ainda adiciona algumas informações interessantes na mesma resposta:

"M: Depois do Anno deixar a cadeira de diretor, o staff da Gainax estava de um jeito que eles só participavam das partes que eles queriam fazer"

Heh. O Matsukura dá algumas pontadas na Gainax durante a entrevista, em geral mencionando um pouco da bagunça que era a produção, embora ele pareça sempre deixar claro que isso é um caso encerrado.

A resposta mais definitiva, e de certa forma mais incisiva está na mesma entrevista:

"Q: Depois do episódio 14, nós temos o nome do diretor Anno em katakana. Você deixou o nome dele lá?

M: Tem o nome dele porque ele trabalhou na sonorização (dublagem).

Q: Essa é uma situação surpreendente, não é?

M: É surpreendente. É uma situação rara."

Em resumo, as pessoas que assumiram que Anno nunca deixou a cadeira de diretor baseado nos créditos ao fim do anime estavam parcialmente certos na evidência apresentada, mas errados pelo motivo pelo qual o nome estava lá. Anno de fato deixou a direção de Kare Kano após o episódio 14.

Isso não significa que isso foi absoluto - ele seguiu participando parcialmente da produção, e segundo ele próprio, retornou para dirigir o último episódio de forma que a obra fosse entregue no prazo. Há muita coisa interessante nessas entrevistas, como o que o Anno fez durante esse período pós-saída de Kare Kano - mas isso vou deixar para vocês lerem nas entrevistas em si!

Aparição de Anno no Episódio 11

Por fim, o motivo da saída não teve nada ver com divergências com a autora. O motivo foram problemas com a compilação feita por Anno do episódio 14 - o que levaria ele a ter que refazer todo o cronograma novamente.

Conclusão: Anno deixou sim o cargo de diretor de Kare Kano, a produção como um todo por um curtíssimo período, mas seguiu colaborando posteriormente. Ele retorna para o último episódio na sua posição original. O motivo não foi divergência com a autora da obra original.

O carinho da torcida em 1999

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- Diversas cenas (e o final) foram limitados por uma crise financeira da Gainax

A segunda lenda mais popular sobre Kare Kano é que a Gainax atravessava uma crise financeira, e isso explica certos momentos em que a produção parece barata, como o amplo uso de imagens estáticas, cenas tiradas quase que completamente do mangá, gekimation e outras coisas menos convencionais.

Essa lenda se mistura um pouco com outra lenda e também conta um pouco com a coincidência de certos acontecimentos extenos.

A lenda de que a Gainax atravessava uma crise financeira era parcialmente verdade. A Gainax nunca foi uma empresa muito responsável e como já vimos em outras várias situações, era bem desorganizada em muitos aspectos de sua produção. Em quase todas as obras da Gainax nesse período, a maior reclamação de quem participou do processo sempre foi o cronograma apertado.


Esse boato foi bastante ampliado quando o presidente da Gainax (e produtor de vários animes do estúdio) Takehi Sawamura foi preso por evasão fiscal corporativa em 1999. É um pouco fácil de imaginar como as pessoas chegaram a essa conclusão - se a empresa estava cometendo fraude fiscal, imagine como estava a situação financeira da empresa!

Embora a fraude fiscal tenha sido um episódio grave (cerca de 580 milhões de ienes em impostos), as duas coisas possuem no máximo uma fraca correlação. Na verdade, esses boatos vem desde os episódios finais de Neon Genesis Evangelion, onde supostamente a obra teria sofrido com a falta de dinheiro da produção.

Embora esse boato sobre a produção de Evangelion tenha estranhamente persistido por muito tempo, ele foi desmentido relativamente cedo. Em uma entrevista na Anime America 96, Toshio Okada, ex-membro da Gainax, desmentiu diversos boatos que já circulavam na época da entrevista.

"O Anno e o staff não tinham uma boa ideia. Ele falou para uma revista de anime no Japão que ele não conseguiu fazer por causa do orçamento e do cronograma. Isso está incorreto. Eu falei com o Yamaga e o Anno. Eles disseram "Não é um problema de cronograma ou orçamento, o problema é qual será o final "

A história não era verdade para Evangelion. Isso não significa que não fosse verdade para Kare Kano, certo?

Nas entrevistas concedidas, ninguém menciona de fato problemas orçamentários. O tempo é de longe o ponto mais citado pela maioria dos entrevistados, e ele é exaustivamente comentado antes e depois da saída de Anno no episódio 14. 


A produção foi de certa forma tumultuada, e o tempo acabou se tornando o recurso mais precioso naquele momento. Isso não significa, claro, que todas as decisões foram tomadas devido ao tempo diminuto. Na realidade, algumas delas foram tomadas de forma bastante consciente.

Por exemplo, no episódio 6 - o primeiro episódio com abertura - Anno tinha a intenção de quebrar o recorde de menos páginas usadas na animação de um episódio. E assim foi feito - a produção terminou a produção daquele episódio com 697, quebrando o recorde de "Don Chuck Monogatari" de 1975, com 800. Pelo menos esses são os dados da Anno's Corporation, não faço ideia de onde encontraria esse tipo de informação.

Isso é diferente de Evangelion, onde Anno deixa bem explicito que o tipo de mundo apresentado em Evangelion não permitia aquele tipo de desafio.

"Anno: Infelizmente, "Eva" não tinha o tipo de construção de mundo que permitia isso [...] mesmo no episódio final de "Eva" nós usamos um número grande de páginas no processo de animação"

Isso claro, reforça um pouco o que já sido comentado mais acima - de que as partes finais de Evangelion não haviam sido feitas daquela forma necessariamente por falta de dinheiro (mesmo que fosse possivelmente um dos fatores envolvidos).

O mais interessante é que Anno tinha em mente economizar dinheiro com essa medida, mas ela não era muito efetiva, já que o processo de pós-produção se tornava mais custoso com essa medida. Nas palavras do próprio Anno:

"Anno: Claro, eu também tinha em mente economizar dinheiro. Eu tentei ao máximo não sobrecarregar a J.C. Staff com os custos [...] eu consegui economizar dinheiro através de vários esforços. Entretanto, Matsukura me disse depois "Nós gastamos muito tempo na pós-produção da edição, e todos os custos extras foram gastos lá".

Talvez respostas mais interessantes surjam de quem estava no processo de animação em si. Por sorte, alguns nomes famosos também deixaram sua colaboração, como foi o caso de Hiroyuki Imaishi (famoso posteriormente com o estúdio Trigger).

"[...] Acho que explica o quão maluco era o estúdio naquela época. Eu não sei como consegui. Acho que todo mundo estava meio doido no meio do projeto. É difícil entender o nosso senso de tempo naquela época (risos)."

Acho que a fala do Imaishi é um bom resumo do que era a produção naquele momento. Ideias surgiam, o tempo era curto, mas eles conseguiam de alguma forma entregar as coisas a tempo.

Eles citam em diversos momentos que foi um período de bastante experimentação na indústria em geral. Era o começo do fim da animação em célula e o inicio da adaptação ao digital, formato que eventualmente prevaleceu. Até por isso, talvez esse seja um dos últimos animes em que você tenha a chance de ver a palavra Steenbeck associada a ele. 

Essa aura "experimental" de um período que ainda estava começando é bem visível até mesmo na forma como as coisas são construídas dentro de algumas cenas. Uma cena com cara de "barata" por exemplo, é a cena em que os personagens jogam uma partida de UNO (Ep. 12) - essa cena é de fato toda improvisada, e tão improvisada que os dubladores acabaram se deixando levar e a partida deles durou mais do que era o necessário. Mais trabalho para a edição.


Há uma certa beleza nessas cenas, de como elas são bem naturais e agradáveis. Por outro lado, não é difícil que algumas pessoas vejam isso como algo barato e uma fuga pela tangente de uma produção barata - ainda mais em tempos em que as pessoas confundem boa animação com fluidez. 

Conclusão: Não é difícil entender como essa lenda surgiu e embora dinheiro também fosse uma preocupação da equipe de produção, os problemas de produção são mais bem compreendidos em função das limitações de tempo do que de orçamento, citadas por diversos dos membros do staff.

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- O episódio final termina com "continua" porque teria uma segunda temporada.

Como mencionado anteriormente, o anime já havia alcançado o mangá naquele ponto. Deste ponto de vista, eles não tinham tantas opções além de deixar o final em aberto ou inventar um final próprio, com grande risco de ser insatisfatório.

Bem, o final do mangá de Kare Kano é uma loucura por si só - mas além disso, o mangá só foi concluído de fato em 2005, seis anos após o final da exibição do anime. Era insustentável de qualquer forma, e por isso não havia como a série ter uma segunda temporada - e nem mesmo os infames fillers conseguiriam fazer muito pra um anime de publicação mensal. A saída talvez fosse fugir do mangá e criar algo próprio, mas parece ser pedir demais para um projeto que havia sido engatilhado tão rapidamente.

Apesar disso, ainda assim é uma questão válida: por que o anime termina de fato com uma tela de "continua"? 

Bem, é verdade que o anime termina com a tela de continua (つづく/Tsuzuku), mas essa dúvida é mais presente aqui no ocidente. Ao final da ending do episódio final, há o kanji de "先 / Saki" - que é (um dos) kanjis que significam "fim". Para nós, por muito tempo isso parecia ser só uma parte dos créditos, mas para quem entendia o idioma e se importou de ver os créditos do último episódio até o fim, notou que aquele era de fato o final. 

"Fim" - Episódio 26

Eu fiz questão de conferir a versão original feita pelos fansubs do Brasil e eles de fato não traduzem esse "Fim". Isso não é uma crítica ao fansub - essa questão se tornou tão pertinente que ela é respondida pelo Anno na própria entrevista para o Blu-Ray, o que nos leva a crer que mesmo entre os japoneses essa duvida existia até então. Se não era o caso de uma dúvida linguística, era ao menos uma dúvida quanto a contradição de ter um "Continua" e "Fim" em menos de dois minutos.

Ele, claro, explicou o motivo de tal contradição. Nas palavras dele:

"Eu quis estruturar a história do drama como uma obra de arte que não seria finalizada, mas a continuação poderia ser lida na próxima edição da revista. Pensei que seria bom para um último episódio. Por isso a mensagem é "continua"."

Sendo bem honesto, a resposta do Anno é bem satisfatória pra mim, como um fã de ambos anime e mangá. Como já vimos anteriormente, o mangá e o anime corriam muito próximos devido a periodicidade da revista (mensal) - e quem fosse ler a próxima edição da revista, acabaria vendo a continuação daquela exata história. Faz todo sentido então que ela terminasse com "Continua", mas que a continuação estaria nas páginas da revistas!

Conclusão: Embora de fato a tela de "Continua" exista ao final do último episódio, ela se refere a continuidade da obra na revista/mangá. Ao final da exibição do encerramento do episódio a palavra "Fim" aparece, se referindo ao anime.

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- Existiu um comercial de TV de Kare Kano no Brasil!!!

Teve mesmo! Um comercial do mangá publicado pela Panini. Quem viu não está maluco.


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Obrigado por ler.



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